Os cristãos foram reprimidos ao longo de muitos anos, especialmente no primeiro século. Essa perseguição religiosa foi, além de uma reação ideológica incitada pelas tradições culturais da época, também de interesses políticos, uma vez que o Império Romano, assim como os judeus, não queriam ter seu domínio ameaçado pela “seita cristã”.
“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” (Mateus 5:11-12)
A passagem bíblica acima, escrita mais de dois mil anos atrás, trata de uma realidade que não mudou durante todo esse tempo, pois a perseguição religiosa contra os cristãos existe até hoje, sob vários formatos.
A perseguição moral, na forma de mentiras e injúrias, é apenas um aspecto da perseguição religiosa. Existem ainda as perseguições físicas, que procuram agredir e até assassinar a pessoa que professa a fé cristã, e a perseguição política e cultural, que procuram eliminar o cristianismo por meio de medidas proibitivas e transformações culturais.
Dos casos acima, temos como primeiro exemplo um tipo de perseguição mais sutil, que ocorre diversas vezes e em todo o mundo. Qual o cristão, verdadeiro, que nunca foi hostilizado ou constrangido por razão da sua fé? Seja pela forma de vestir, agir e pensar acerca de coisas que para o “mundo” são comuns.
Essa perseguição moral é o tipo mais comum, por exemplo, nas redes de TV, especialmente em programações populares, como novelas e conteúdos de comédia.
Para o segundo exemplo podemos citar o Estado Islâmico, que já declarou guerra ao “povo da cruz”, fazendo questão de publicar a morte de cristãos decapitados e queimados, enquanto outros são escravizados, torturados, por seguirem os ensinamentos de Cristo segundo a bíblia.
Quanto ao tipo de perseguição política e cultural, temos até hoje exemplo em países como Coreia do Norte, China e Cuba entre os principais, onde o cristianismo é reprimido politicamente e culturalmente, através de leis e ações “cultuais” do governo. Em 2013, por exemplo, numa entrevista ao Christian Solidarity Worldwide, questionado como é ser um cristão em Cuba, o Pastor Batista cubano Mario Barroso declarou:
“Além do Evangelho eterno que salva das conseqüências do pecado, nós espalhamos os valores e a ética do Reino de Deus, tão carentes em Cuba. Princípios que não fazem parte, por exemplo, da única educação legalizada da ilha, que é controlada pelo regime.
E por assim ser, a educação é desenhada para doutrinar nossas crianças através de um programa educacional totalmente ideologizado e formatado pra semear ateísmo e violência nas mentes. (…)
O Regime cubano tem resistido em sua maldade com o passar dos anos. Diferente de sua melhor aliada, a Coreia do Norte – a quem não interessa cuidar de sua própria imagem – os que governam Cuba se preocupam com isto, fato que os fazem mais perigosos, porque já não fuzilam abertamente, como ocorre na Coreia.” (Fonte: ANAJURE)
Não por acaso as palavras de Cristo anunciavam aquilo que estava para acontecer. Porém, o caráter da afirmação de Cristo não foi imediato e restrito aos cristãos de sua época. Jesus “deixou um consolo” também para os futuros seguidores que Ele, claro, sabia da existência.
Um ponto que merece destaque na passagem de Mateus 5:11-12 é a inclusão da mentira. Ora, Jesus experimentou todo tipo perseguição, não apenas a física, convertida em prisões, chicotadas, esfolamentos, tortura e, finalmente, a crucificação, mas também a moral.
Ele foi acusado, sem terem provas contra Ele, e foi condenado, mediante falsas alegações.
O mais interessante é que a perseguição religiosa no aspecto moral, assim como aconteceu com Jesus, foi motivada por:
- Interesses políticos;
- Repressão à liberdade de pensamento;
- Tradicionalismo Religioso
E nesses pontos podemos afirmar que estas reações ocorreram pelos seguintes motivos
a) Exposição de erros doutrinários e morais
Jesus, assim como os profetas do Antigo Testamento, denunciou uma série de erros em sua época. Falando de conduta, amor, perdão e prioridades, Cristo “tratou” consequentemente de política, filosofia, tradição e moralidade, contrariando a cultura em cumprimento de suas convicções.
Cristo não cuidou de ser religioso. Ele cuidou de “…fazer a vontade do Pai”. Isso implicava em contrariar até mesmo os conceitos de religiosidade da sua época, um dos motivos pelo qual Ele foi perseguido, injuriado e condenado.
b) Incapacidade de confrontar a Verdade do evangelho
As palavras do evangelho, em Cristo, não apenas representaram uma nova forma de ver ao próximo, Deus e os valores da vida, mas também verdades práticas que apontavam para uma transformação pessoal envolvendo o caráter do indivíduo.
Os ensinamentos do evangelho, portanto, rompiam com as tradições religiosas que tinham uma função praticamente estética, de aparência e vaidade. Atingiam o coração, mudavam os conceitos e transformavam a maneira de agir das pessoas que seguiam a Cristo.
Ante a esses fatos, que atingiam também a cultura e contexto político da época, qual a única alternativa para quem se vê acuado por não conseguir confrontar tais ensinamentos? Caluniar, mentir, dar falsos testemunhos, manipular e injuriar.
É certo que Paulo, ao escrever em Romanos 8:35-39, já tendo a experiência da perseguição em sua pele (Gálatas 6:17), estava com a realidade da perseguição religiosa e das tribulações da vida cristã em sua mente. Confira:
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? … estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor “
Finalmente, para quem pensa poder mudar alguma coisa na fé de um cristão verdadeiro, autêntico seguidor de Jesus, através da perseguição religiosa, seja na forma moral, física ou cultural, finalizamos com mais uma citação deste que também experimentou os dois lados da moeda, hora como ferrenho perseguidor, hora como perseguido:
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;” (2 Coríntios 4:8-9)
Abraço e até a próxima.