O sentimento religioso humano é marcado pela tentativa de atribuir a divindade uma identidade e um lugar, segundo a expectativa humana. Mas a bíblia demonstra um Deus que se revela nos lugares e situações mais improváveis. Afinal, qual é o lugar de Deus na humanidade?
Através de Cristo, vemos o ápice da revelação divina aos seres humanos. Seguindo a lógica do “contraditório” manifesta em todo Antigo Testamento, Deus, em Cristo, também se revela em lugares improváveis, afinal, o que esperar de um Deus encarnado na figura de um carpinteiro, filho de um José e uma Maria, crescido na insignificante e incrédula Nazaré? (João 1:46)
Em Cristo, Deus rompe com a concepção de “lugar sagrado” (João 4: 21 – 23) e de uma identidade forjada segundo os valores humanos, baseada na aparência de uma fé “morta” (Tiago 2:18), passando a concentrar todo aspecto de santidade, adoração e culto, a vida do ser humano como um todo.
Neste sentido, podemos afirmar, segundo a bíblia, que o lugar de Deus na humanidade está nas ações de um coração sincero, que dá sentido ao que faz, pensa e fala, pelo entendimento acerca dEle e não por sacrifícios pessoais. (Oséias 6:6)
Neste sentido está a sua essência moral, ética, que produz frutos dignos de arrependimento, amor a Deus e ao próximo como a si mesmo. É por essa compreensão que Cristo fundamenta seus ensinamentos, por exemplo, em Mateus 5: 20-48.
Deus está, também em nossos dias, em tudo o que se equivale a profecia de Isaías 53:3 sobre Cristo, quando disse:
“Era DESPREZADO, e o mais REJEITADO entre os homens, homem de DORES, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens ESCONDIAM O ROSTO, era desprezado, e NÃO FIZEMOS DELE CASO ALGUM.”
Esse Cristo profético, desprezado em sua época por NÃO ter nascido com a IMAGEM e os RECURSOS que os homens acreditavam serem dignos do Filho de Deus, é o MESMO que hoje se manifesta em muitas formas de desprezo e rejeição, das quais muitas vezes “escondemos o rosto”, porque, da mesma forma que antes, ainda não entendemos como é possível Deus estar onde não achamos “dignidade”.
Deus é a essência da adoração, presente 24h em quem lhe adora com a própria vida. É a justiça que “excede a dos escribas e fariseus”, porque se manifesta na pratica, na maneira como trata o outro e se posiciona neste mundo. Como está escrito:
“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?
Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?”(Isaías 58:6,7)
Portanto, acredite, Deus muitas vezes pode estar na pessoa do lado de fora do templo. No último banco, sentado em silêncio, assim como na vida de quem se entrega por amor à obra.
O lugar de Deus pode estar em quem não sabe o significado de “cerimônia” e nunca teve a oportunidade de decorar um versículo. No pedido de água a quem lhe negou um copo, ou mesmo do pão a quem poderia ter lhe dado uma refeição completa, mas preferiu negar uma moeda.
Se compreendermos a essência correta de qual é o lugar de Deus na humanidade, verdadeiramente, todo o resto faz sentido.
O monte de oração, o culto solene, a hora reservada na madrugada, as tradições, o vestir bem, a excelência do louvor. O sentar e levantar em reverência a leitura bíblica e tantos outros “ritos”, tudo isso faz sentido quando vivenciados segundo o modelo de fé ensinado por Cristo.
Faz sentido porque são apenas um aspecto perante uma adoração muito maior, onde o que você crê se manifesta através da sua vida, como um todo, a todo tempo, segundo o que realmente condiz com a vontade de Deus e não com a tradição e vaidade dos homens.
Abraço e até a próxima!