O namoro é o primeiro passo para o casamento, mas como saber quando ele possui as características do namoro cristão?
Existe alguma diferença entre casais de namorados evangélicos para outros?
Motivo de muita polêmica, os relacionamentos amorosos entre casais evangélicos são alvos de grande discussão, especialmente porque fazem parte de uma cultura em constante mudança, dificultando compreender, em cada época, os limites da relação amorosa.
Sabemos, porém, que o namoro sempre existiu sob diferentes aspectos. A forma de namorar e o valor depositado sobre isso é que sofreram alterações. Todavia, temos a bíblia como regra de fé e prática e é por ela que vamos nos guiar.
As características a seguir falam de aspectos gerais sobre respeito, propósito e valor, de modo que até mesmo pessoas não cristãs se identificam e seguem esses conceitos.
Se você é um cristão que está namorando, mas sente que o relacionamento não está indo muito bem, preste muita atenção nessas características porque certamente elas vão te ajudar a identificar o problema.
01 – O propósito é o casamento
“Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne.” (Mateus 19:4-6)
Muito embora o namoro cristão não signifique a obrigatoriedade do casamento, ele deve ter como grande objetivo o casamento, porque esse é o tipo de relação amorosa descrita pela bíblia como plano de Deus para o homem e a mulher.
Em outras palavras, o namoro evangélico não deve ser uma experiência por si só, onde o objetivo é satisfazer o desejo humano, mas sim uma construção de vínculos que apontam para o casamento como ideal de Deus.
02 – A vontade de Deus está acima da relação
“E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1 João 2:17)
Nem sempre uma relação amorosa está em acordo com a vontade de Deus. Alguns argumentam que “no amor vale tudo”, mas se esquecem de que a própria concepção de amor é fruto de Deus.
Sem Deus como referência de amor no relacionamento cristão, qualquer coisa pode ser chamada de “amor”, até mesmo os enganos frutos do pecado, trazendo consequências terríveis, como está escrito:
“Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte.”(Provérbios 16:25)
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)
O namoro cristão, portanto, tem na observância dos ensinamentos bíblicos sua grande referência de amor e prática, de modo que a vontade de Deus é o termômetro regulador da relação sempre que algo se inclina para o caminho errado.
03 – A família é um projeto
“O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha; porque Deus julgará os fornicadores e os adúlteros.” (Hebreus 13, 4)
Quando Deus faz separação entre as condições da prática sexual, no caso da passagem acima, bem como especifica a função de dominação e multiplicação atribuída ao homem e a mulher em gêneses 1:28 sobre a criação, associada a unidade do casal no cap. 2:24, deixa claro a constituição da família como um projeto.
O namoro cristão, portanto, não deve ser apenas orientado para o casamento, mas para compreender a função deste (do casamento) na sociedade, de modo que o namoro seja uma etapa de amadurecimento para a constituição familiar.
Neste sentido, podemos dizer que uma característica marcante do namoro cristão é o seu comprometimento com a fidelidade, respeito mútuo e a prática sexual destinada exclusivamente ao matrimônio, visto que apenas o casamento é reconhecido na bíblia como união legítima entre um homem e uma mulher, e não o namoro!
Em outras palavras, o namoro cristão deve existir como uma “sombra” da família, servindo de etapa para o que virá se tornar. Desse modo, a honra entre o casal começa pela fidelidade a Deus, ao parceiro(a) e ao objetivo da união como “leito sem mácula”.
04 – O domínio próprio está presente
“Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.” (Gálatas 5:16,17)
Paulo relata na passagem acima como vivenciamos o conflito entre a “natureza” do pecado e a natureza do Espírito, especificando mais na frente, no verso 22, o “domínio próprio”, ou “temperança”, como um fruto do Espírito.
Muito diferente dos namoros “comuns”, o namoro cristão não é dominado pelos frutos da carne, mas sim pelos frutos do espírito, porque seu propósito está muito além da experiência amorosa, ou sexual, mas diz respeito ao cumprimento do ideal de Deus através do casamento, o qual repercute para vida inteira.
É pelo domínio próprio que o cristão valoriza, por exemplo, os próprios sentimentos e até mesmo sua integridade física, ao decidir que sua vida não é feita só de momentos e sua felicidade é proporcional às decisões que toma no presente. Certamente foi também com essa perspectiva que escreveu Paulo:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (1 Coríntios 6:12)
Portanto, o domínio próprio sem dúvida é uma característica fundamental para o namoro cristão, porque ele não apenas aponta para o casamento como objetivo maior, em substituição do “aqui e agora”, mas também para a submissão do ser humano em relação a vontade de Deus.
05 – Doação e sacrifício são marcas da relação
“Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.
Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;” (Efésios 5:28,29)
O namoro cristão não diferencia momentos de sacrifício, doação e entrega. Por ter o casamento como alvo, o namoro reflete a concepção do casamento independente de já tê-lo consumado ou não.
Uma característica marcante do namoro evangélico é a capacidade de um se doar pelo outro, de modo que ambos se enxerguem como “uma só carne”, muito embora ainda não tenham concretizado essa união.
A ideia de “alimento” e “sustento” descrita na carta aos Efésios não deve ser encarada literalmente como comida e dinheiro, apenas, mas com todo suporte social do homem para com a mulher, incluindo segurança física e emocional, honra, respeito, acolhimento afetivo, compreensão e principalmente referência espiritual/moral.
Da mesma forma, a mulher deve autenticar o papel do homem através de suas atitudes, de modo que sua postura perante a sociedade seja de reconhecimento da sua função enquanto “cabeça”, tal como Cristo é o cabeça da igreja.
Com isso, vemos claramente a necessidade de doação e sacrifício. Observe que não são por acaso, pois eles significam entrega, e não há relacionamento amoroso onde não há entrega. Esta, por sua vez, implica confiança, cumplicidade e até a negação de si mesmo.
Por fim, está evidente no texto que para ter um namoro cristão é indispensável alguém que aceite os mesmos princípios. Não por acaso, a bíblia adverte: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?“ (Amós 3:3).
Isto posto, considerando que o namoro não é uma categoria bíblica de relacionamento amoroso, mas sim o casamento, fica implícito que toda relação anterior ao matrimônio é uma “sombra” do que deverá ser oficializado. Pense nisso sempre que estiver diante de uma oportunidade e se questione: é o que realmente quero para minha vida?
Abraço e até a próxima!