Houve um tempo em que a poesia era tão popular quanto qualquer tipo de arte “consumida” pelas massas atualmente. Esperava-se um próximo livro de poesia de um determinado autor tão ansiosamente quanto se espera a próxima temporada ou episódio de um desses famosos seriados. A poesia não era somente um entretenimento, a poesia fazia parte da cultura e da vida das pessoas.
A poesia é uma arte antiga, uma arte esmerada, que está presente na cultura desde as civilizações mais antigas. A Bíblia, inclusive, tem entre sua classificação os denominados “Livros Poéticos”, que são os seguintes: Jó, Salmos, Eclesiastes e Cantares.
Pode-se considerar que Salmos é o mais conhecido dentre os poéticos, e em sua maioria fora escrito pelo rei Davi. É o livro que, com sensibilidade, atenta à beleza, grandeza, cuidado, amor, misericórdia e justiça de Deus, dentre outras coisas.
O poeta sempre foi visto como um observador, sensível e atento à fluência da vida. Não apenas a sociedade tem perdido o interesse por essa arte, como também os cristãos têm perdido o interesse por uma arte mais elaborada, como a poesia evangélica e inclusive a música.
Talvez, a falta de interesse dos compositores cristãos pelo aspecto poético da música explique a superficialidade que tem predominado na música gospel, afinal, pode haver poesia cristã sem música, mas música sem poesia não é música.
Então, se você gosta de poesia, o Gospel+ trouxe alguns poemas evangélicos para você ler e meditar. Alguns cristãos ainda persistem no labor da arte poética, que não se limita somente a escrever coisas, mas sim a estar sensível ao amor e à beleza de Deus e expressá-las em palavras, isso também é edificação.
Confira alguns poemas evangélicos curtos:
Levanta e anda
Não tenho ouro nem prata
mas trago a ternura
desta palavra – espada:
– levanta!
Soube que vivias
entre os pórticos
e as calçadas
como um apátrida
e que no Templo
nada mais sonhavas:
-anda!
Hoje mesmo os teus sonhos
estarão em letras grandes
nas telas do universo
onde também estarão grafados
para tua memória
estes versos.
O silêncio
Comecei a buscar a Deus
e vi que meus lábios eram impuros;
busquei encontrar a Deus
e vi que meu coração estava triste.
Continuo a buscá-Lo
com a sede dos animais marinhos
e como as corças suspiram
pelas margens.
Salva da tempestade,
paredes do meu quarto
guardam o silêncio
em que Ele começa
a falar comigo.
A visitação
Deus esteve aqui.
-Onde?
Onde o perdi.
Dele sei ser apenas o princípio,
Daquele por quem vim e busco,
Como Ele busca a mim.
– Ver Deus é o sonho prometido ao mundo.
Para Ele as paredes estão vestidas de cortinas
e na sala de visitas Sua presença é incontida.
Ah , tua presença enorme
-onde agora?
com as rosas,
-medidas de Teu carinho.
Caminhos a Ti me levam
à solidão dos palácios
em que as résteas apenas avisam
que cheguei muito depois de Tua partida.
Autora: Juliana Lemos
De Braços Abertos
Use seu gesto do bem
procure exemplo tomar
do homem, como ninguém
deixou seu gesto de amar!
Na maior singularidade
Em seu ato e expressão
deixou lição de bondade
vinda de seu coração,
Trilhou caminhos corretos
brilhante e de plena luz
de ternura, amor e fé…
Morreu de braços abertos
alcançando-nos numa cruz,
O bom Jesus de Nazaré!
Meu Manifesto
Vejo o futuro
De boa mente
Com muito alento
No coração.
Sinto-me forte
Se estás comigo
És meu amigo
Meu guardião!
Por densas trevas
Se estou andando
de vez em quando
És minha luz;
Quase que morro
Mas és socorro
quando em perigo,
És meu Jesus!
Senhor te amo
És meu tesouro
Maior que ouro
Melhor irmão
Ó Cristo eterno
Trago por certo
Meu manifesto
Minha canção!
Autor: Pr. Laerço dos Santos
Em minha caminhada
Em minha caminhada,
Tento seguir os passos de Jesus.
Não quero apenas sacrificar,
Quero aprender –
Aprender a obediência,
A humilhação,
A humildade,
O bem-querer.
Em minha caminhada,
Quero aprender a Graça,
Quero, de Deus, depender…
Para isso preciso de você,
Preciso ser para você.
Preciso ser com você.
Em minha caminhada
Quero olhar outros povos
E neles ver meus irmãos!
Ver raças, tribos, outras nações
Pelo olhar fraterno da comunhão:
Agregados, abrigados nos braços do Pai Celeste,
Daquele que nos fez justificados
E que nos outorga a plena salvação.
Em minha caminhada não há espaço para teorias infinitas,
não há tempo para esperas não resolvidas,
não há coisas e coisas a serem possuídas,
não há valor para quimeras,
porque o outro está a se perder
na dor da fome,
da doença,
da sede,
do não pertencer,
do ser culpado pelo seu não poder,
do ser incapaz de se resolver…
Em minha caminhada
quero abrir meus ouvidos,
meus olhos,
quero reaprender
a ver o que me cerca,
quero poder acabar com a seca
garantida pela opressão,
pela injustiça,
pela violência,
pelos desmandos do poder.
Em minha caminhada,
Quero me arrepender
E, levada por Jesus,
Misericórdia saber viver.
Em minha caminhada,
quero ser, tão somente, e para sempre,
aquela em quem Deus possa ter prazer.
Autora: Cineide Machado Coelho
Enquanto o Coral Cantava
Enquanto a música enchia o templo,
eu vi o Rei.
Vestido de majestade, coroado de honra,
um cetro de poder e glória na mão.
Ele voltava.
Livre dos sapatos e dos preconceitos,
da doença e da fadiga.
Feliz, como uma criança que se atira
na direção do Pai – depois de uma ausência
que só fez maior o amor e a necessidade
de ver – eu corria no meio da multidão,
que erguia palmas brancas
em saudação Àquele que voltava.
Lá estavam Livingstone, Carey, Bratcher,
Corinto, Miranda Pinto…
Lá estavam os vultos frágeis,
Ana de Ava, Noemi Campelo, Caíta,
Lotie Moon…
Os missionários de todas as raças.
Os grandes que se fizeram pequenos,
os pequenos que a fé tornou gigantes:
Bagby, Taylor, D. Chiquinha,
que eu conheci
quebrando coco babaçu,
para sustento da obra
que eles começaram.
Lá estavam D. Maria e D. Carmen
– um corpo perfeito no lugar daquele
que a lepra deformara.
Lá estavam Darito e os companheiros
de enfermaria que ele levara a Cristo,
livres do balão de oxigênio
e do terrível clima de segregação.
Lá estavam meus amigos cegos,
com olhos enormes de luz
e expectativa;
Meus priminhos mudos, entoando,
mais alto que todos,
o canto de vitória e gratidão.
Livres de grades
e de cadeiras de rodas,
lá estavam muitos que eu conhecera
prisioneiros da doença e do pecado.
Lá estava meu irmão
que Deus levou tão cedo.
Lá estavam os mártires de todas
as épocas, do tempo dos césares
e das cortinas de ferro e de bambu.
Lá estavam homens de pele escura
e alma cor de neve;
índios de brilhantes cabelos,
crianças de todas as raças,
cantando hosanas, como na entrada
triunfal em Jerusalém.
Lá estavam os meninos do Tocantins,
os barqueiros do São Francisco,
a gente do Araguaia,
os colonos da Transamazônica,
que se haviam tornado súditos
do Caminho maior.
Num milagre sem explicação,
a multidão de mil cores,
que entoava hinos em mil línguas
e dialetos,
era absolutamente igual, no sentimento
que fazia de todos
uma só corrente de alegria,
formada por mil elos de amor.
Eu disse que todos estavam lá?
Não sei. Parece-me que havia lacunas
na multidão e no coração do Rei.
Muitos estavam ausentes,
presos a cuidados terrenos,
deixando a escola suprema
para um amanhã inexistente,
oferecendo a Momo um último holocausto,
como se fosse possível
servir a dois senhores,
abraçar o mundo, sem desprezar o Rei.
E foi assim, enquanto o coral cantava,
que pude sentir o quanto amava ao Rei,
o quanto meu coração agradecia,
por estar entre os salvos;
por chamá-lo pelo nome que Madalena usou
quando o reconheceu:
– Voltaste, Raboni! Aleluia!
Bem-vindo sejas, meu Senhor, meu Deus!
Autor: Myrtes Mathias
No Princípio
Éramos, no princípio,
como um manso regato,
encontrando-nos entre vastos espaços
por brechas deixadas por distraídas pedras.
Eras água cristalina, o outro lado,
tua margem, onde sempre a tua suave correnteza
vinha descansar.
Eu ficava à espreita,
sentindo a tamanha combinação
de tuas águas cristalinas
com meu córrego de emoção.
E assim ficamos por muito tempo,
até que notamos que nossas águas
não mais poderiam se separar,
pois elas se fundiam,
juntas cresciam
e se expandiam num grande mar.
Autor: Lilia Cordeiro Fernandes
Quem é Deus?
Para a criança, é o papai do céu
A quem pede proteção.
– Abençoa papai, mamãe.
Dá a cada dia o pão.
Deus da criança inocente
Deus da mãe ocupada
Deus que consola na dor
Deus da alma enlutada!
Para o jovem é o cara lá de cima
Que não o incomoda ou intimida
Ele que fique por lá
Deixe-me gozar a vida!
Deus que está longe
Deus que não é pessoal
Deus que ama o pecado
Deus, tão banal!
Para o caboclo no campo
Deus a chuva dá
Ele ajuda a colheita
E faz a mágoa passá!
Deus que se preocupa com o pobre
Deus que sofre com o que erra
Deus que faz cair água
Na sequidão da terra!
Para o deista, Deus está morto.
Criou a terra e se cansou.
Deixou tudo nas mãos do homem
Que a tudo dominou!
Deus que já morreu.
Deus que não se importou
Com os homens e Suas obras
Deus que nunca amou!
Para o ateu, Deus não existe
Isolado em sua racionalidade,
vocifera: Que Deus é este?
Não existe eternidade.
Deus que não se revela.
Deus que não é imortal.
Deus que só existe na mente
do crédulo irracional!
Para teólogos medíocres,
Deus é um criado pessoal,
Deus que precisa de esmolas,
Deus que Se curva, afinal!
Deus a ser barganhado
Deus a quem se cobram favores
Deus que tem que servir
Aos gananciosos pecadores!
Para muitos, Deus está encoberto
Mas, Se revela ao temente.
Pois busca adoração
da alma sincera do crente!
Deus que criou o mundo
Deus que enviou Jesus
Deus que a todos ama
Deus que Se revela na cruz!
Autora: Rute Salviano Almeida
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