Comemoramos no último dia 11 o Dia da Bíblia, sempre no segundo domingo de dezembro. O que poucas pessoas enfatizam é que esta comemoração nasceu em 1549 por iniciativa do Bispo Cranmer, ao definir no livro de orações do Rei Eduardo VI, um dia específico de orações por mais leitura bíblica.
A intenção do referido Bispo foi interceder para que mais pessoas tivessem acesso e lessem com mais frequência a Palavra de Deus. Na prática, portanto, o sentido dessa comemoração não foi simplesmente estabelecer um dia para nos fazer lembrar da bíblia, mas sim para não deixar de ler todos os dias.
Pensando nisso, esse pequeno estudo é uma tentativa de fazer jus a necessidade que todo cristão possui de ler a bíblia diariamente. Para isso, não existe melhor forma de mostrar a importância disso sem recorrer ao que a própria bíblia diz sobre o assunto. Vejamos:
A Bíblia é fonte de Sabedoria e Prosperidade
Olhe o que diz o salmista, no capítulo 1:1-3 de Salmos, como está escrito:
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.”
Perceba que a noção de prosperidade nessa passagem está vinculada a quem “…tem o seu prazer na lei do Senhor”, e que isto ocorre “…no seu tempo”, como são os frutos de uma árvore, que firmada numa terra fértil (a Palavra), cresce e prospera através de seus frutos.
O mesmo salmista afirma no capítulo 119:105, como está escrito: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.”, onde clama também por entendimento (vers. 169) e proteção contra o pecado (vers. 11).
Além da sabedoria e prosperidade em múltiplas formas, a bíblia também nos confere domínio próprio e perseverança. Esses frutos do espírito também são conquistados com o estudo da Palavra, como escreve Paulo:
“Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” (Romanos 15:4)
A Bíblia é fonte de Libertação Espiritual
Através da bíblia, Deus mostra a humanidade a razão do seu sofrimento. Por ela, através da relação inicialmente estabelecida com o povo hebreu, registrada para testemunho de todos os povos, Deus nos dá a oportunidade de perceber a condição de pecado da humanidade perante Ele, o seu Criador.
Por essa condição, o sofrimento humano, consequência de invejas, rancor, ódio, luxúria, egoísmo, mentiras, hedonismo, materialismo, etc. são postos como frutos de uma escravidão espiritual impossível de ser vencida se não for através de Jesus Cristo.
Com base nisso a Bíblia veio a existir, para que seus relatos pudessem servir de ensino (Rm 15:4) sobre como Deus se revelou a humanidade, na intenção de que nós, humanos, possamos reconhecer nossos erros e nos reconciliar com Deus através de Cristo. Por isso Paulo enfatiza, como está escrito:
“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.” (Romanos 10:14,15)
O Apóstolo demonstra a importância da pregação baseada no ensino do evangelho, por isso logo mais, no verso 17, ele conclui dizendo: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”
O motivo para tamanha ênfase está na declaração do próprio Cristo, como está escrito em João 7:38: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. (…) E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (8:32)
A Bíblia é a Verdade de Deus sobre a Vida
Em nenhum momento da narrativa bíblica Jesus Cristo se apresenta como uma, dentre muitas “verdades”. Ele, ou a figura de Deus na pessoa dEle, não são postos como uma opção em par de igualdade sobre qualquer coisa acerca da vida.
Jesus afirma ser, Ele próprio, a única Verdade capaz de salvar o ser humano da sua condição de pecado. Neste sentido, Cristo encerra qualquer discussão filosófica, por exemplo, sobre o “logos”, um princípio, uma verdade da qual todas as coisas emanam. Ao se apresentar como o “…único caminho, a Verdade e a vida” (João 14:6), Cristo trás para si a resolução de todos os dilemas humanos. Como está escrito:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11:28,29)
Cristo declara isso porque conhece sua própria natureza divina, como verbo de Deus encarnado por amor aos humanos. Por isso ao rogar a Deus por seus discípulos Ele pede “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” (João 17:17).
A Bíblia é a Resposta do Cristão para os Dilemas da Vida
Dentre todos os livros, conhecimentos e referências possíveis acerca da fé, da vida humana e sua história, a bíblia deve ser a maior fonte de autoridade para o cristão ao lidar com os dilemas da vida. Jesus Cristo deixou isso muito claro quando foi tentado no deserto.
Um dos piores momentos na vida de Jesus certamente foi passar 40 dias no deserto, e não por acaso quando estamos em aflição gostamos de dizer que estamos passando pelo deserto. O deserto é símbolo de escassez, solidão, angústia, dor física e emocional. Fome, sede, desespero, depressão e morte.
Cristo passou pelo deserto, mas talvez o pior momento da sua jornada naquele lugar foi ter que enfrentar as tentações de Satanás. Todavia, como sendo Ele próprio a Verdade encarnada de Deus, Cristo não poderia agir diferente, senão autenticando a Palavra de Deus, nos ensinando que devemos aprender a dizer: “ESTÁ ESCRITO”!
Cristo não optou lidar com Satanás baseado em sua própria sabedoria, mas sim no que já estava escrito. Ele poderia ter usado sua própria autoridade para repelir a tentação, certamente, mas ao responder sempre com um “está escrito”, Cristo ensina que a bíblia é a nossa grande arma nos momentos de aflição. Como está escrito:
“Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.“ (Mateus 4:3,4)
Por fim, que nós possamos pensar o Dia da Bíblia como sendo todos os dias, para que meditando nela dia e noite, como recomenda o salmista, possamos estar “…preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança…” 1 Pedro 3:15). Como Jesus, sempre dizendo:
ESTÁ ESCRITO!