Muitas vezes as tradições culturais, com o passar do tempo, se distanciam tanto da sua origem que terminam perdendo seus valores. Não é diferente com a ideia de celebrar Natal, onde nem sempre o nascimento de Cristo é o grande motivo das celebrações, mas sim os costumes herdados das transformações culturais.
Pensando nisso, vamos listar 03 motivos errados para celebrar Natal e explicar as razões de forma clara e didática.
Natal não celebra compras e presentes
Essa é, talvez, uma das heranças culturais mais deturpadas em relação ao Natal, enraizada no “ideal coletivo” de forma tão marcante que muitos não conseguem enxergar a data sem o recebimento e doação de presentes. Mas, será que essa prática faz sentido a luz da bíblia?
Leia:
“E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. (…)
E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra“ (Mateus 2:1-2,11).
Muitos alegam que a tradição dos presentes é um símbolo que relembra os que foram dados pelos Magos do Oriente ao menino Jesus. Todavia, o que tais pessoas esquecem é que o valor implícito no gesto dos Magos é de ADORAÇÃO, doação e sacrifício, para quem, de fato, é merecedor disso.
Os Magos viajaram por longos dias (sacrifício), carregando com eles três das mais ricas e preciosas especiarias da época (doação) para testemunhar o nascimento do Salvador e reconhecê-lo como Deus (adoração). Aquelas “dádivas” não foram simples presentes! Muito além de qualquer formalidade, o que fez aqueles Magos saírem do Oriente guiados por uma estrela até a pequena Belém, foi a certeza de que estariam diante do Filho de Deus!
Os presentes que foram dados a Cristo carregaram consigo o valor do reconhecimento dado a quem, de fato, mereceu ser reconhecido como Messias prometido, o Salvador do mundo. Ao presentear com o melhor de suas posses, aqueles Magos se renderam a Cristo, adorando-o como Senhor. Não quiseram trocar cordialidades, mas sim dizer que reconheciam oficialmente o nascimento de Cristo.
Todavia, a cultura deturpou a comemoração do Natal de forma tão marcante que a humanidade achou um meio de inverter a ideia de reconhecimento pelo nascimento do Salvador, para honrar a criatura invés do Criador, presenteando uns aos outros e não a quem, de fato, é o único merecedor de reconhecimento: o menino Jesus!
Atualmente enxergamos com tanta naturalidade a troca de presentes no Natal que raramente refletimos criticamente qual é o sentido disso a luz da Bíblia. Alimentamos as indústrias, aquecemos o comércio, incluímos pessoas ao passo que excluímos os que não podem presentear e serem presenteados.
Sobre tudo isso devemos nos perguntar: o que faria Jesus em nosso lugar? Dessa forma, esse é um dos motivos para não comemorar o Natal como uma data comercial.
Natal não comemora a Ceia de Natal
Uma das grandes simbologias natalinas, assim como a árvore de Natal, é a ceia de natal. Todavia, a Bíblia não faz menção a uma ceia de natal em comemoração ao nascimento de Cristo. Na Bíblia, ceia era uma prática diária, comum para nós hoje como é um jantar, por exemplo.
A ceia do Natal é nada mais do que um “jantar especial”, por se comemorar, supostamente, o dia do nascimento de Cristo, muito embora a Bíblia também não faça referência exata ao dia em que Cristo nasceu, sendo o 25 de dezembro uma data estabelecida como fruto da tentativa de unir a nova religião oficial do Império Romano (o cristianismo), com as antigas tradições pagãs em comemoração ao solstício de inverno, ocorrida justamente nesta data.
É importante entender esse fato, especialmente os cristãos, para que a ceia de Natal não se torne motivo de comemoração em si mesma, como se nela houvesse algum valor “sagrado”, quando não há! À luz da Bíblia, os motivos para comemorar o Natal são o nascimento de Cristo, o único digno de ser adorado, e seu significado no plano da Salvação.
Para o cristão, a ceia deve ser, portanto, lugar de “encontro”, comunhão e celebração pelo nascimento de Cristo. Uma oportunidade de anunciar o propósito pelo qual Jesus nasceu (anunciar o evangelho) e fazer jus a este ensino. Se este acontecimento é comemorado com ou sem ceia, peru, porco, peixe, ovos ou qualquer outro alimento, não faz a menor diferença.
Natal não celebra a “festa de Natal”
Quando nos referimos a “festa de Natal“, queremos dizer do acontecimento em si mesmo, a data e seus símbolos, que muitas vezes são comemorados como apenas mais uma festa do ano, sendo a oportunidade que alguns esperam para, por exemplo, rever amigos, comer e beber bastante, namorar, viajar, etc.
É normal esperar que o Natal seja apenas mais uma data comemorativa, por exemplo, para quem não é cristão, mas é triste perceber como mesmo pessoas da fé cristã têm transformado o Natal apenas em uma oportunidade de festejar. Na prática, sem perceber alguns retiram Cristo da sua atenção e colocam os atrativos da festa no lugar da adoração.
Isso acontece, por exemplo, quando a decoração da casa ou até mesmo do templo, se torna mais urgente e importante do que a reflexão bíblica sobre o nascimento de Cristo. Quando os dias de folga, o cardápio da ceia, as roupas novas, o pacote de viagens, o décimo terceiro salário ou os presentes, ocupam o lugar da atenção que deveria ser dada especialmente a importância do nascimento de Jesus Cristo!
Talvez, uma passagem bíblica que demonstra muito bem a lição que tentamos transmitir neste tópico, se encontra em Lucas 10:38-42. Jesus entrou na casa de Marta, porém, quem lhe deu atenção foi sua irmã, Maria, enquanto Marta se preocupava com outros serviços na intenção de servir a Cristo. Como está escrito:
“Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.
E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.”
Vemos com isso que por melhor que sejam nossas intenções, nem sempre elas refletem a vontade de Deus. Portanto, para o cristão que deseja celebrar o real sentido do Natal, é importante tentar agir como Maria, se colocando mais próximo de Cristo, para lhe ouvir, aprender e adorar. Deixando um pouco mais de lado as questões secundárias da “festa” para dar valor ao que é, de fato, o mais importante na essência!